EST SECUM 2015
A necessidade de um nome para o grupo de artistas que qualificam este conjunto surgiu como um passo adiante para iniciar o caminho que nos propomos. Para tal escolhemos a expressão do latim - Est Secum. Est Secum em português – é com ele, vem sublinhar um aspeto importante deste conjunto: o facto de cada um de nós não abdicar da sua identidade artística e de sermos uma agregação de diferenças, reunidos por um certo modo de fazer. O imanente, o material, a repetição, a redundância ou o desperdício. O que fazemos no atelier não difere assim tanto dessas circunstâncias. Sob a alçada deste termo pretendemos conjugar o trabalho de seis artistas numa exposição . “Nós generosos e ricos de espírito, como fontes públicas à beira do caminho, não podemos impedir ninguém de tomar a nossa água; infelizmente não sabemos defender-nos quando é necessário, nem temos meio de evitar que nos turvem, que nos obscureçam – que a era em que vivemos atire sobre nós o mais actual dela, os seus sujos pássaros, a sua imundice; a rapaziada, a sua tralha, e o viajante extenuado que junto de nós descansa, as suas pequenas e grandes misérias. Mas faremos o que sempre fizemos: absorvemos o que nos é atirado, na nossa profundidade – porque somos profundos, não esqueçamos – e voltamos a ser transparentes …” (Friedrich Nietzsche, Gaia Ciência, (1882) Trad. informal). Olhando para o texto de Nietzsche existe uma parte que diz respeito ao zeitgeist daquele tempo. Egon Schiele entre muitos outros escreveram a enaltecer os artistas como seres particulares. No entanto o âmago da questão não parece ser esse. Entendemos que o texto fala de uma pratica ligada à manutenção de uma autentica relação, com o real e com a vida. Fala do que devemos peneirar e aproveitar perante tudo que o que se nos apresenta como supérfluo, redundante, estúpido – mundano. Como existe uma beleza e quase uma redenção nas outras coisas. E como isso funciona como pêndulo e permite ao mecanismo continuar a funcionar, crescendo e aperfeiçoando-se no processo. De facto esta ideia “do actual” de que existe um graal escondido no entulho, que devemos saber esperar pelo que pode vir, se aguentarmos e aceitarmos as condicionantes da espera, são algumas das ideias que partilhamos da nossa formação (Ar.Co). Esta ideia de que a chave para uma coisa tão pessoal quanto uma determinada expressão artística, está na combinação do devir do tempo e de uma passividade a favor de uma imanência. É a partir deste ponto de vista que podemos encontrar o que legitima o conjunto tão heterogéneo dos nossos trabalhos. A certeza de que mais do que uma reunião entre amigos de uma escola, o que nos move é a partilha de um caminho que é igual para todos na sua diferença. Cabendo a cada um absorver o que lhe é atirado, só na medida em que deve daí tirar apenas o que verdadeiramente lhe pertence. |
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